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Torres Vedras - Professor Pinto Gonçalves fala-nos do Agrupamento de Escolas Padre Vítor Melícias

Torres Vedras - Professor Pinto Gonçalves fala-nos do Agrupamento de Escolas Padre Vítor Melícias

Visitamos a sede do Agrupamento de Escolas Padre Vítor Melícias onde fomos recebidos pelo seu diretos, o professor Joaquim Pinto Gonçalves, que nos mostrou a escola e falou dos diversos problemas que afetam este estabelecimento de ensino bem assim como as escolas a nível nacional.
Acabámos de ver publicados os rankings nacionai de escolas e também quisémos saber como funcionam, que efeito têm e como espelham a realidade do ensino em Portugal.
Uma conversa muito interessante da qual extraímos algumas partes que achámos mais interessantes e pertinentes, integrantes da entrevista entretanto publicada nos nossos meios online no programa “Esta Noite”.

Festa - Professor, muito se tem falado de ranking das escolas. Mas afinal o que são estes indicadores?

Prof. Joaquim Pinto Gonçalves - A educação é, de facto, um tema rico em questões e essa dos rankings é uma delas.

Quanto aos rankings, são a meu ver um “quisto” quase viral, já que estamos em época de vírus. A avaliação é uma coisa boa, mas estes rankings acabam por não avaliar quase nada, avaliam apenas uma das caraterísticas de um processo, a avaliação a partir dos resultados dos exames nacionais, não medindo o que é diferente de forma dife-rente também.

Se puder escolher os “meus” alunos à partida de entre os que têm melhores médias é evidente que à chegada vou ter os melhores resultados, como acontece com o ensino privado, onde isso é uma das porrogativas de que dispõem. No ensino público isso não é possível, pois temos que receber qualquer aluno desde que existam vagas, e recebemo-los com todo o gosto e colocamos o máximo empenhamento no seu percurso escolar. Ao começarmos de uma forma diferente não podemos depois querer medir de uma forma igual.

 

Festa - É isso que vemos no principal ranking que normalmente surge na comunicação social?

Prof. Joaquim Pinto Gonçalves - Sim, sim. Os rankings que vemos por aí, pelos jornais, nem começaram por ser feitos pelo Ministério, eram por esses próprios meios a partir da publi-cação dos exames nacionais, que são públicos devido à transparência, e esse o único critério utilizado.

Não são estes os indicadores que têm que nos preo-cupar, mas mais o olhar para os resultados obtidos pelos nossos alunos e temos a preocupação de os melhorar e não tanto pelos rankings que, em minha opinião, só aparecem para promover algumas escolas privadas, fruto dos intreresses económicos que se jogam nestes meandros. Considero que seja uma “mentira” pegada porque se formos ver o ranking que o Ministério veio a criar e que divide as escolas segundo as suas caraterísticas, a sual localização, a população abrangida, nível socio-eco-nómico dos pais e assim, os rácios são bem diferentes.

 

Festa - Mas que ranking afinal é esse?

Prof. Joaquim Pinto Gonçalves - O Ministério da Educação chama-lhe o “ranking do sucesso”, que trata de forma diferente aquilo que não é igual. Aí, os resultados das escolas públicas são melhores que os das escolas privadas, porque mede o resultado dos alunos “à entrada” e “à saída”.

Portanto, quando se parte de uma situação diferente à partida e à chegada vamos ver qual o resultado do percurso do aluno as coisas são diferentes. 

O ranking do sucesso mede percursos e não só as médias finais, ou seja, se um aluno chega a uma escola com uma média de dez/onze e termina com treze/catorze faz um percurso com muito maior sucesso que um aluno que entra com catorze e termina com catorze, porque esse não teve qualquer progresso.

 

Festa - O professor acha que esse ranking não é tão publicitado como o outro, porque?

Prof. Joaquim Pinto Gonçalves - Primeiro, é uma coisa mais recente, em que o Ministério acabou por sentir necessidade de criar essa forma de comparação para se equilibrar um pouco a visão das coisas. Mas cada um publicita o que dá mais jeito e no fim cada ranking vale... o que vale.

 

Festa - E a Padre Vítor Melícias?

Prof. Joaquim Pinto Gonçalves - Sabemos que somos o “patinho feio” daqui da cidade. Estamos na periferia, longe do centro da cidade, para mais com o estigma de estar junto ao bairro social e acabamos por não ser primeira escolha mais por isso. Agora não percebo porque não o somos, pois, na realidade, se formos ver, em termos de condições de trabalho que damos aos nossos alunos e professores, de modernidade ou inovação, ou pelo sucesso que os nossos alunos têm, estamos colocados, pelo menos, ao melhor nível de toda a região.

 

Festa - Essas condições que felizmente a vossa escola pode oferecer tem alguma coisa a ver com o vosso próprio patrono - Padre Vítor Melícias, ele tem algum emepenhamento e relação direta com a própria escola?

Prof. Joaquim Pinto Gonçalves - É evidente que nós temos a facilidade, e a felicidade, de termos um patrono vivo, que sendo para além do mais uma pessoa ligada às questões sociais e à solidariedade liga muitas vezes para saber como está a escola.

Durante a pandemia, por exemplo, ligou-me diversas vezes perguntando como estávamos, se precisávamos de alguma coisa, manifestando a sua disponibilidade. Claro que nos tem ajudado em diversas situações, muitas vezes “abrindo portas” pois também tem essa facilidade pelas relações que criou ao longo da sua vida, sempre disponível para ajudar os outros.

Mas para além do nosso patrono, que muito estimamos, temos a felicidade de ter um corpo docente extraordinário, funcionários também muito bons, ou seja, dispomos de um conjunto de pessoas que se preo-cupa muito com os nossos alunos. Essa interação faz com que muitos alunos que daqui saem no nono ano venham regularmente visitar-nos e manifestem saudades pela forma como a escola funcionou para eles.

 

Festa - Quais a vossas principais linhas diretoras?

Prof. Pinto Gonçalves - São diversas. Temos feito, por exemplo, um enorme investimento na inovação tecno-lógica, sendo seguramente o Agrupamento da região que quando começou a pandemia melhor preparado estava e mais facilmente se adaptou ao ensino “à distância” porque já utilizávamos as plataformas digitas de uma forma que nos permitiu facilmente fazer a “ponte” para as condições de ensino online exigidas. Os nossos alunos já tinham muitos recursos tecnológicos digitais a que já acediam em tempo de ensino presencial e que permitiu que facilmente se adaptassem.

Por exemplo, os encarregados de educação já há quatro-cinco anos que têm a oportunidade de monitorizar a avaliação dos seus filhos diariamenteatravés de uma plataforma.

Depois, a aposta na formação tem-se mostrado muito importante também, porque, de facto, os nossos professores conhecem os meios que têm à disposição e podem otimizar esses meios aos seus alunos. Neste momento estamos ainda a produzir mais recursos digitais que anteriormente. A pandemia teve também um papel muito importante nessa área, que agora não queremos desperdiçar. Os nossos alunos sabem, se precisarem de subir uma nota a determinada disciplina, que têm recursos online (exercício, testes, etc) para que, se os executarem com sucesso, certamente a sua nota vai melhorar. 

 

Festa - Estamos na sede do Agrupamento, mas a “Padre Vítor Melícias” abrange uma área geográfica significativa e um número razoável de escolas?

Prof. Pinto Gonçalves - Sim, o Agrupamento engloba dezoito estabelecimentos, mais de mil setecentos e cinquanta alunos e situa-se especialmente na parte norte do concelho de Torres Vedras.

 

Festa - A Escola tem diversos projetos a decorrer...

Prof. Pinto Gonçalves - É verdade. Empenhámo-nos em preparar os alunos do primeiro ciclo  para a passagem do professor único e o embate que sentem numa aprendizagem com nove professores no segundo ciclo, introduzindo desde logo o sistema de coadjuvações no primeiro ciclo. Temos o exemplo do “projeto farol”, que se traduz os alunos à segunda-feira têm a sua assembleia de turma com o professor titular e vão aí calendarizar o que vão aprender nessa semana e qual a incidências das matérias. Temos também os alunos mais velhos a apoiar os mais novos, o que é ótimo para os mais novos bem assim como para os mais velhos, pois a ensinar aprende-se muito também. Depois, temos o projeto pedagógico onde há o empenhamento dos pais. Tinhamos, antes da pandemia, o projeto musical que procurava trazer os pais e professores na sexta à noite à escola, para um encontro de entretenimento cultural e convívio. Temos para iniciar no próximo ano um outro projeto, inovação pedagógica de base ecológica, em que vamos procurar adaptar o espaço exterior e cativar o aluno a participar e ver semear a planta, nascer, crescer e dar fruto... 

No fundo a escola tem que ser mais que curriculos,  alunos, funcionários e professores, tem que ser um local de interação e aprendizagem onde todos se empenhem e de onde os alunos possam sair, cada vez mais preparados nas suas diversas vertentes.

 

Festa - A passagem de competências na área das escolas para o poder local, foi uma coisa boa para vós?

Prof. Pinto Gonçalves - Tem coisas boas e más, como o anterior sistema também tinha.

A relação de proximidade que já tínhamos com o município, em especial com o sector da educação, veio facilitar nesta transição. Na parte mais operacional teve que haver uma adaptação do próprio município a um volume muito maior de responsabilidades, com pessoal, gestão de stocks e muita soutras áreas, ainda por cima em tempos de pandemia, mas embora com as naturais “dores de crescimento” no geral tem decorrido mais ou menos bem.

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