DEDICATÓRIA

Dedico este poema aos foragidos,

Àqueles que saem à noite e não voltam,

Aos animais que ninguém pode domesticar,

Aos objectos que se partem

Sem que ninguém os toque.

Esta dedicatória é feita

Por conta dos meus pecados,

Por causa das minhas manias,

Por via das dúvidas,

Por estar entre as mulheres.

Trata-se mesmo de um poema dedicado,

Quase obsessivo,

Quase devoto,

Como uma oração subordinada

Aos deuses que não reconheço.

E, uma vez, dedicado,

Só me resta acabá-lo

Com uma inclinação de cabeça.

Mas, afinal quem é o escritor?

José Pascoal nasceu, em 1953, numa aldeia do litoral do concelho de Torres Vedras, mais propriamente em Cambelas.

Segundo se pode ler nas sua biografia, já em 1972 alguns dos seus primeiros poemas eram publicados no suplemento Juvenil do extinto jornal República. Em 1986, o poema que empresta o título ao seu primeiro livro, ora editado, foi publicado no Anuário de Poesia de Autores Não Publicados da Assírio & Alvim, tendo sido seleccionado por júri composto por Fiama Hasse Pais Brandão, José Agostinho Baptista e Miguel Serras Pereira.

É portanto um homem que vem escrevendo ao longo de todos estes anos, em especial poesia, e que agora vê o seu primeiro livro editado por uma editora de referência.

É exatamente de um dos responsáveis editoriais, dessa mesma editora, que aproveitamos as palavras escritas sobre o autor, e que transcrevemos:

“José Pascoal, um misterioso, extraordinário poeta e ser humano, que me ensinou a interpreta-lo e conhece-lo, através da sua simplicidade, humildade e postura culta e refinada, respeitoso pelo próximo e merecedor de todo e qualquer esforço necessário, para alcançar o melhor dos sucessos, na sua nova vida literária.

Orgulha-me muito, a preferência editorial da sua obra “Sob este Título”, com a Chancela de Prestígio e Tradição da Editorial Minerva.

Quero repetir aqui neste pequeno mas sentido texto, umas palavras sábias de uma grande Senhora, que com o saber de uma vida vivida disse-lhe hoje: “ Sei e acredito, que à alguém hoje, onde estiver, que estará com certeza, tanto ou mais orgulhoso, que todos nós”. Tatue na sua mente e crave no seu coração estas palavras, de quem sente, vive e percebe cada palavra dita e aqui transcrita.

Um muito sentido e forte amplexo.” (David Angelino)